UFSM é a primeira universidade a implementar um Centro de Referência Paralímpico no Estado

UFSM é a primeira universidade a implementar um Centro de Referência Paralímpico no Estado

Foto: Beto Albert (Especial)

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) é a primeira universidade federal a ter um Centro de Referência Paralímpico no Rio Grande do Sul. O acordo de cooperação, que formaliza a parceria entre a UFSM e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), foi assinado na manhã desta quarta-feira (31), no Gabinete do Reitor, no campus sede, em Camobi. 


+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

Agora, o documento segue para a assinatura do presidente do CPB, em Brasilía (DF). Após uma visita técnica realizada pelo CPB nas dependências do CEFD em junho de 2023, a aprovação foi confirmada no início de setembro, porém, faltava a assinatura do acordo para formalizar a parceria e dar início aos trabalhos.


Durante o ato, estiveram presentes somente representantes da UFSM. O reitor da UFSM, Luciano Schuch, foi o primeiro a assinar o documento, seguido pela coordenadora do Núcleo de Apoio e Estudos da Educação Física Adaptada (Naeefa), Luciana Palma, e do diretor do CEFD, Rossalvo Sawitzki.


– Esse é um dia histórico para nós. É o resultado de um trabalho de anos que consagra a UFSM como referência no sul do país para receber paratletas desde a base até o alto rendimento. Conseguimos mostrar a nossa estrutura com equipe técnica e laboratórios para todo o Brasil – afirma o reitor.


Foto: Beto Albert (Especial)


O que é um centro de referência e a qual a sua importância?

É um espaço que tem como objetivo, por meio de atividades esportivas, fomentar e desenvolver modalidades paralímpicas, desde a base até os esportes de alto rendimento. O foco não é somente a prática, mas também a aprendizagem por meio do esporte, pensando na inclusão social.


O principal objetivo com o centro de referência é captar novos talentos paralímpicos, pensando em uma renovação esportiva. O público-alvo são crianças e adolescentes. Mas visando não somente desenvolver novos talentos, a professora Luciana Palma também deseja apresentar o esporte para o público de todas as idades:


– Pensamos, inicialmente, naquelas pessoas com deficiência, independentemente da idade, que querem conhecer o esporte paralímpico. Elas serão muito bem-vindas e terão sempre espaço aqui, porque esse é o principal objetivo do centro de referência: desenvolver o esporte para todas as pessoas com deficiência. Para isso, precisaremos mobilizar não só Santa Maria, como também toda a região.


A estrutura do CEFD será usada para a implementação dos trabalhos, pois foi o local aprovado durante vistoria técnica do comitê em 2023. A professora reforça que para a UFSM, essa iniciativa fortalecerá a extensão, a pesquisa e o ensino, além de mostrar a universidade como uma referência e potencial dentro do esporte paralímpico.


– Isso tudo é resultado do reconhecimento do trabalho que a universidade vem realizando há 30 anos com o esporte paralímpico, junto à comunidade, com projetos de pesquisa e ensino. Isso potencializa a referência que ela já é, com o reconhecimento do comitê – afirma.


A Região Central como um todo, na visão da professora, possui potencial para encontrar e lapidar novos atletas: 


– Para a região central do Estado, isso é de extrema relevância, pois nós visualizamos uma grande participação de cidades da região através do Festival Paralímpico, com três edições realizadas no campus. Queremos mostrar que a região pode alavancar projetos de esporte e inclusão social.


Conforme regras impostas pelo comitê, as modalidades iniciais que devem ser implementadas serão: o goalball, a natação e o atletismo.


Próximos passos

Após assinatura do acordo, o documento é enviado para a assinatura do presidente do Comitê, em Brasília (DF). Por parte da UFSM, o momento agora é de organização.


Os seis primeiros meses são chamados de “fase de estruturação”, com a formação do grupo de trabalho. Por isso, as próximas tarefas serão trabalhar na divulgação do centro e fazer um mapeamento de onde possam estar esses futuros paratletas.


Devem ser feitas parcerias com prefeituras, escolas e instituições de educação especial não somente de Santa Maria, mas também da região. Para a implementação das modalidades iniciais, profissionais especializados devem ser contratados. 


Infraestrutura


Professora Luciana Palma, coordenadora do NaeefaFoto: Beto Albert (Especial)


Dentro do CEFD existe o Núcleo de apoio e estudos da Educação Física adaptada (Naeefa), que completará 30 anos de existência em abril de 2024, coordenado pela professora Luciana Palma. Seu objetivo é promover a prática de esportes e atividades físicas para as pessoas com algum tipo de deficiência.


São diferentes projetos desenvolvidos ao longo dessas quase três décadas de história, levando a comunidade para dentro da universidade com um só objetivo: a inclusão por meio do esporte. O NAEEFA também tem parceria com escolas e instituições de educação especial, além de desenvolver projetos, pesquisas, em nível de iniciação científica como também de pós-graduação.


– Como coordenadora do Naeefa, esse momento é de relevância ímpar. Isso significa que o Comitê Paralímpico demonstrou confiança em nosso trabalho. É um reconhecimento de um trabalho intenso feito por décadas – afirma Luciana.


Mesmo com décadas de atuação, a coordenadora do Naeefa explica que serão necessários investimentos em materiais esportivos e que o Comitê Paralímpico Brasileiro vai ceder ou doar equipamentos. Para a prática de goalball, por exemplo, o CPB já realizou a doação das traves usadas para a prática do esporte. O transporte foi realizado pela Base Aérea de Santa Maria. 


A pista de atletismo, inaugurada oficialmente em agosto de 2023, é um dos locais a serem utilizados. Com um investimento de aproximadamente R$ 7,9 milhões e padrões olimpicos, a estrutura foi substituída seguindo os níveis da World Athletics, órgão que gere o atletismo em nível mundial. A prática esportiva no local se equipara às pistas de corrida que são utilizadas em campeonatos mundiais e em Jogos Olímpicos.


Foto: Beto Albert (Especial)



O caminho até aqui

Desde 2022, a universidade sedia, anualmente, o Festival Paralímpico, que é uma promoção do CPB para proporcionar aos jovens com ou sem deficiência a experiência de modalidades paralímpicas de forma lúdica e inclusiva. Ele ocorre de forma simultânea em diversas localidades nas 27 unidades federativas do Brasil.


Na edição de 2023, dividida em duas etapas, mil pessoas marcaram presença no evento. As cidades participantes, além de Santa Maria, foram: Júlio de Castilhos, Itaara, São Sepé, Panambi, Faxinal do Soturno, Agudo, São Vicente, São Pedro do Sul, Caçapava do Sul, São Martinho da Serra e Restinga Sêca.


Foto: Nathália Schneider (Arquivo/Diário)



Ao sediar festivais paralímpicos, a coordenadora do Naeefa, Luciana Palma, descobriu a possibilidade de tornar o CEFD um centro de referência paralímpico. Para isso, precisava enviar uma carta de intenções. ​



– Eu preenchi essa carta de intenções, elaborei, contei das nossas experiências , mostrando o potencial que o CEFD tem para ser um centro de referência. Em março de 2023, a UFSM recebeu um retorno positivo do comitê, que agendou uma visita técnica para junho – afirma.


Conforme foi noticiado pelo Diário, a UFSM recebeu, no dia 26 de junho de 2023, uma visita técnica do Comitê Paralímpico Brasileiro, que avaliou se o Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) estaria apto a se tornar um Centro de Referência. Além da UFSM, foram avaliadas as candidaturas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da prefeitura de Canoas, esta última que se tornou o primeiro Centro de Referência Paralímpico do Estado, em dezembro de 2023.


O resultado final foi revelado via e-mail no início de setembro de 2023, com a aprovação. A partir de então, teve início os trâmites até a assinatura do acordo, que ocorreu na manhã desta quarta-feira.


– Demoramos para receber o retorno e isso causou muita ansiedade. Quando o professor Felipe, representante do Comitê, saiu daqui, ele deu um feedback positivo sobre a estrutura, então acreditamos que o retorno seria positivo. Vibramos muito quando recebemos a informação, foi um momento de muita alegria – revela a professora.


Calendário de eventos

Já como um Centro de Referência Paralímpico, o CEFD vai sediar a segunda etapa da 1º Copa Gaúcha do Goalbol, que será realizada no dia 13 de julho.


A UFSM também vai sediar mais uma edição do Festival Paralímpico e já tem data definida: 21 de setembro.


Acessibilidade

Além dos investimentos em materiais e equipamentos esportivos, também será necessário pensar mais em facilitar a acessibilidade de quem frequenta o campus.


– Sempre temos que buscar melhorar. Afinal, acessibilidade é para todo mundo. Agora, como um centro de referência, por meio de editais, vamos buscar por melhorias não somente na infraestrutura, mas pensando na acessibilidade de uma forma geral – afirma a professora Luciana Palma.


Já para o reitor Luciano Schuch, a universidade deve ser um local de todos e possui responsabilidade de dar as condições para isso acontecer. Por isso, será necessário buscar recursos junto ao governo federal para priorizar obras que busquem a acessibilidade:


– Aprovamos a política de privacidade da Universidade, mas precisamos trabalhar bastante para tornar o campus acessível, pois ainda temos muito caminho pela frente. Agora, com o centro de referência, isso vai nos forçar a melhorar a acessibilidade no campus.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Após instabilidade no sistema, Ministério da Educação divulga resultado do Sisu 2024 Anterior

Após instabilidade no sistema, Ministério da Educação divulga resultado do Sisu 2024

Ministro da Educação diz que resultado do Sisu será divulgado no início da tarde desta quarta-feira Próximo

Ministro da Educação diz que resultado do Sisu será divulgado no início da tarde desta quarta-feira

Educação